segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Pequenas mãos

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Escrever para ti deveria ser tão fácil como respirar mas não é. Dói-me escrever para ti, porque nunca consegui ser para ti o que foste para mim. Nunca te consegui dar o que procuravas em mim e tencionavas encontrar. Nunca te consegui dar os sentimentos que tranquei dentro do meu coração. Tive medo, que se os libertasse não houvesse volta a dar. Tive medo que fossem grandes demais para as tuas pequenas mãos que os receberiam a medo. Eu sei o que passaste, mas tu não consegues imaginar a dor que eu já senti. Para ti o coração é só um órgão, para mim é a alma. E quando me magoam a alma, destroem-me, machucam-me para a vida e nunca mais vou poder curar todas as feridas com que vivo dos erros que cometi, das balas com que levei quando me deixei levar. Eu sofro por mim e pelos outros. Dói-me como a vida o que para eles é uma boa recordação, ou o que já nem conseguem lembrar. Quando eles abalam e esquecem, eu fico e relembro: cada momento, cada palavra, cada sentimento, cada sensação. E relembro vezes sem conta hoje, amanhã, no dia seguinte e no outro. Vivo assim, a relembrar momentos em que fui feliz. Fui porque é passado. Tudo passou e quem eu era já não sou. Tenho pena da vida me mudar tanto e me magoar ainda mais.
 
 

domingo, 31 de janeiro de 2016

É isso que eu gosto em ti

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Nunca escrevi sobre ti, não porque não fosses importante na minha vida mas porque nunca te quis desmitificar, pôr-se em escrita e desapaixonar-me por quem és na realidade.
Desde do primeiro dia que entraste na minha vida a deixaste mais equilibrada, calma, menos trágica. Apesar dos teus momentos de loucura, trazes-me a sensação de que tudo vai ficar bem e que contigo, não estou sozinha. O que é extraordinário: quando estou com outros, sinto sempre que estou apenas comigo; mas não contigo. Contigo parece tudo mais fácil. Apesar de estares longe, sinto uma névoa da tua presença que me acompanha para todo o lado. Estar contigo é tão fácil como estar sozinha. Não tenho que falar, não tenho que me mover, posso apenas fechar os olhos e lá estás tu, lá estamos nós e só isso deixa-me feliz. Acho que nunca te disse, mas tu deixas-me feliz. Deixas-me feliz sem saberes que o fazes. É isso que eu gosto em ti. Isso e tudo o resto.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Saber viver

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Sinto-me perdida em formalidades e obrigações. Dentro de um mundo tão grande com um espaço tão pequeno, o ar falta, a água escasseia e somos demais para todos conseguirmos encontrar aquilo que realmente queremos. E o que é que queremos? Queremos o que os outros querem? Queremos aquilo que achamos que queremos? Ou queremos o que nunca pensámos querer? Para ser sincera, eu não sei o que quero. Penso que ninguém realmente saiba. E quando alguém acha que sabe, é apenas uma ilusão, um preconceito, uma mentira da sua própria mente que nos engana a alma e faz com que o corpo acredite que é aquilo que ela quer. Mas o que é quer? De onde é que isso vem? Como é que eu sei que eu quero? Muitas vezes não sei. E por isso, aqui continuo, inerte, sozinha, perdida. Perdida num mundo com caminhos certos. Sozinha num mundo cheio de pessoas. Inerte, com a  minha mente sempre a trabalhar. E é mesmo assim que nos enganamos todos os dias. Dizemos que buscamos felicidade, o amor, o melhor da vida. E se o melhor da vida é algo superior à nossa vida? E se o melhor da vida continuar depois da vida? Quando vivemos há em nós, uma parte que permanece inquieta, insatisfeita, agitada mesmo que não tenhamos nenhuma necessidade física - há sempre essa parte que mexe no nosso ser e faz de nós quem somos. E dentro deste mundo de formalidades e obrigações, não há lugar para a alma descansar, não há lugar para a beleza da serenidade e satisfação. São apenas aqueles pequenos momentos - em que o sol nos invade o espírito, a brisa nos renova a esperança e nos descobrimos na última página de um livro - que nos fazem realmente felizes. Eu quero ser feliz. Quando me imagino a ser feliz, sou feliz, nem que seja pela ilusão do ser. Pensei que lutar pelos nossos sonhos fizesse parte da felicidade, que ser independente fizesse parte da felicidade, que viver numa grande cidade fizesse parte da felicidade - mas estava errada, nada disso é sinónimo de felicidade quando não se é feliz. Lutar pelos nossos sonhos, é uma luta; Ser independente, é estar só; E uma grande cidade, é apenas uma grande cidade. Todos as nossas angústias são maiores e as felicidades são menores quando não temos ninguém com quem as partilhar. Não gosto de estar sozinha. Estar sozinha é morrer sem sentido. E quem é que quer morrer sem sentido? Quem é que quer morrer sem ter sabido viver? Saber viver é o verdadeiro desafio da vida.



terça-feira, 15 de abril de 2014

Dor


Muitas vezes escondo-me do mundo, da realidade, de ti, como se ao me esconder conseguisse sofrer menos, inocência. A dor não vem do exterior, vem de dentro, de mim. E é impossível esconder-me de mim própria.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Desapareceste, desapareci

E desapareceste de novo como se nunca tivesses aparecido, como se não devesses nada a ninguém, simplesmente desapareceste por dentro desse nevoeiro de lembranças esquecidas e de sentimentos não correspondidos. Agora, penso que estou destinada a sofrer ou a ficar sem ti. Estou destinada à tua ausência que me torna mais lúcida do que a tua presença. Confesso que estar sem ti é-me mais fácil do que estar contigo. Quando desapareceste tornou-se tudo mais claro, mais calmo, mais real. Mas para que serve isso se a consciência só traz infelicidade? Queria despertar em ti o que descobriste em mim. Queria acreditar em ti sem nunca questionar o que me dizias. Queria ter contigo alguma coisa que nunca tive. É difícil sem ti. Sem ti, estou sempre à tua espera. Quando desapareceste, eu também desapareci.